Faz tempo que meu próprio discurso me incomoda: “Não consigo fotografar sem um viewfinder”. Me faz sentir como um purista, um avesso às compactas e celulares. Me faz sentir velho.

Explico, aos que não são íntimos de termos ligados à fotografia e seus instrumentos que viewfinder é o visorzinho, o buraquinho pequenino por onde se olha, se enquadra e, principalmente, se isola de tudo o que está a sua volta, das pessoas, das interferências e afunila sua concentração na fotografia que dali vai sair.

Há diversas razões para eu justificar minha aversão aos displays: A falta do apoio do rosto na câmera, a luminosidade excessiva, mas, principalmente: a falta de privacidade ao clicar. Pois há coisas que se faz sozinho. Meditar, decidir, chorar, sofrer, sentir dor de dentes… Coisas para um canto escuro. Enquadrar, compor, o pensar fotográfico é solitário. Para mim, é preciso entrar por aquele buraquinho, me esconder lá dentro, ficar a sós. Sem romantismo piegas, apenas a necessidade de concentração. Apenas a necessidade de intimidade e paz. Eu fotografo sozinho.